MIGREPI

11 novembro, 2008

Amapá na rota do tráfico de seres humanos, 06/10/08

Diario do Amapá, 06/10/08: (data da leitura da notícia)

http://www.diariodoamapa.com.br/policia.htm

Amapá na rota do tráfico de seres humanos

No Brasil, o tráfico de seres humanos faz a grande maioria de suas vítimas entre as mulheres que acabam abastecendo as redes internacionais de prostituição. O trabalho escravo existe no país, mas é um problema interno sem conexões internacionais relevantes. Em 2002, a Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial (Pestraf) identificou que as vítimas brasileiras das redes internacionais de tráfico de seres humanos são, em sua maioria, adultas.

Elas saem principalmente das cidades litorâneas (Rio de Janeiro, Vitória, Salvador, Recife e Fortaleza), mas há também registros consideráveis de casos nos estados de Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Pará com rota para o Amapá e Suriname. Os destinos principais são a Europa (com destaque para a Itália, Espanha e, mais recentemente, Portugal) e países da América Latina (como Paraguai, Suriname, Venezuela e República Dominicana).

Polícia do Pará localiza “escrava” branca no Amapá

Em 2006 um caso de tráfico de uma menor denunciado pelo jornal Diário do Amapá (matéria do dia 05 de novembro/06) chamou a atenção das autoridades pela audácia dos traficantes. Um agente paraense veio ao Amapá para tentar localizar uma menor de 15 anos que estava desaparecida desde o dia 24 de setembro de 2006. Aqui ele contou com o apoio total da Delegacia de Polícia Especializada (DPE), que através de seu serviço de inteligência em captura conseguiu localizar a menor. A ação conjunta das duas delegacias descobriu a menor D.M.O., de 15 anos, que estava sendo mantida em cativeiro em uma casa localizada na avenida Francisco Matos, 523, bairro Universidade, zona sul da cidade.

A casa pertencia a uma mulher que reside em Caiena. A mulher negou que a menor estivesse sido mantida em cárcere privado no quarto em que foi encontrada. Os agentes Machado, da delegacia paraense, e Sorato (DPE) do Amapá resgataram a menor que se mostrava desorientada sobre a situação em que se encontrava. De acordo com Machado, que concedeu entrevista exclusiva à reportagem de polícia do Diário do Amapá na época, tudo teve início na cidade de Barcarena, onde a menor reside com os pais. Ele contou que a garota se envolveu com um homem que chegou à cidade como turista e acabou seduzindo-a. Após declarar estar (amando) a menina ele ofereceu a ela uma “oportunidade” de mudar de vida.

Por ser de família humilde e enfrentar dificuldades, principalmente financeiras, a garota caiu na lábia do aliciador que acabou trazendo-a para Macapá. Denise, como é conhecida, não sonhava sequer que tudo era uma farsa da qual ela seria a principal vítima. O sonho de enriquecer facilmente soou como uma melodia nos ouvidos da ingênua menina que acabou caindo nas garras de uma quadrilha especializada no tráfico internacional de seres humanos. O traficante acabou preso em Belém-PA, enquanto a vítima, que seria mandada para a Europa, foi levada para sua terra natal. O agente paraense contou que um dos principais pontos que contribuem para o tráfico de seres humanos na rota Belém/Macapá/Oiapoque/Suriname é a falta de fiscalização nos portos marítimos.

Qualquer pessoa (maior ou menor) entra e sai livremente das embarcações sem que qualquer identificação seja pedida pelos tripulantes. Essa facilidade é uma arma utilizada pelos bandidos que utilizam os rios da Amazônia para traficar pessoas. Ao fim da entrevista Machado declarou que os aliciadores procuram as vítimas nas regiões ribeirinhas do Pará pelo fato de lá ainda se ter uma facilidade muito grande de persuasão. Ele destacou que a miséria é outro fator preponderante. “Eles se aproveitam da miséria dos povos das ilhas paraenses para iludir e ganhar com as vidas humanas. Essas pessoas fazem parte de uma grande rede de prostituição e tráfico de seres humanos”, enfatizou o agente.

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